A intenção não é esquecer ou fazer parar de doer, porque eu sei que não vai. A intenção é distrair, enganar a dor; viver com a calma. É como se com todas as idiotices existentes eu pudesse enganar a mim mesma evitando sentir tudo o que eu sinto, de uma vez só. Sabe aquele sentimento de culpa, de perda, saudade, angústia, mágoa, dor, decepção, falta, frieza? É tudo de uma vez. Como alguém pode suportar? Como alguém pode sobreviver com isso? Doendo tanto assim eu mal sinto exatamente o que deve ser feito, o que eu devo tentar fazer, pelo menos. Mas se de nada adiantar, de alguma forma eu tentei. Talvez da pior dela, da mais repugnante, da mais covarde. Mas eu tentei. Tentei fingir que não era comigo, tentei fugir, tentei enganar, distrair. Tentei entorpecer todos aqueles sentimentos ruins que me invadiam durante a madrugada e me tiravam o sono, deixando entre uma noite e outra só um espaço vazio que não ocupada mais nada, só o silêncio de dois corpos, de duas alma, que desistiram de tentar permanecer juntos. Talvez ainda estejam ligados pela mente, pela saudade, pela falta, pelo medo; mas logo um ou outro vai se lembrar de que quando o dia nasce significa que algo novo tem que crescer dentro de si e até lá, vai acontecer como sempre acontece de alguém sofrer sozinho. E dessa vez a escolhida fui eu. Eu fui escolhida para enganar depois de ser enganada, para amar, mesmo quando não sou mais amada, para substituir o vazio de dentro do peito por um medo que vai consumir sempre, até a raiz dos cabelos. Mas como eu disse, pelo menos eu tentei. Eu enganei da maneira mais covarde. Eu quis tirar minha vida, para poupar a sua. E infelizmente ainda dói, infelizmente eu ainda estou aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário