Como se eu estivesse por fora do movimento da vida.

~ Caio Fernando Abreu

 

E o que dói mais, não é saber que as coisas simplesmente poderiam ter tomado um rumo diferente, e sim saber que você que resolveu complicar tudo. Quantas vezes você olhou para cima, e prometeu continuar? Quantas vezes você abriu mão da sua tristeza para arrumar uma maneira de ser forte? Quantas vezes você se obrigou a sorrir, quando tudo estava mal? Eu sei que não foram poucas. Pior é saber que além de me deixar assim, destruída, com um vazio no peito, você finalmente conseguiu cumprir o seu objetivo. A sua morfina não é mais capaz de suprir todos os machucados, todas as feridas. Ela não é capaz de apagar todas as memórias e não consegue lhe fazer esquecer de todas as lembranças. E quando você tenta explicar a realidade, tenta argumentar a dor […] Eles te julgam. Eles colocam aqueles julgamentos em ação. Eles fazem com que você se sinta um lixo, como se você realmente não significasse nada. Aí você tenta fazer com que toda essa dor diminua. Você continua destruindo tudo aquilo que já havia sido bom - Porra, até quando isso, né? Eu sei que você já está farto de desculpas esfarrapadas, já está farto de todos os consolos. Aquele maldito “vai passar” não adianta mais. Você está cansado de todos os sorrisos falsos. Você vai destruindo tudo o que sobra de sua pessoa, e no final, aquela que você mais queria que se preocupasse não está nem aí. Fala sério, isso é insuportável. E o pior, é quando você desiste de acreditar que as coisas realmente ficarão bem. 

“Para não sofrer eu vou me drogar de outros, eu vou me entupir de elogios, eu vou cheirar outras intenções. Vou encher minha cara de máscaras para não ser meu lado romântico que tanto precisa de um espaço para existir ridiculamente. Não vou permitir ser ridícula, nem uma lágrima sequer, nem um segundo de olhar perdido no horizonte, nem uma nota triste no meu ouvido. Eu sei o quanto vai ser cansativo correr da dor, o quanto vai ser falso ignorar ela sentada no meu peito. Mas vou correr até minha última esquina. Vou burlar cada desesperada súplica do meu coração para que eu pare e sofra um pouquinho, um pouquinho que seja para passar. Suor frio da corrida, sempre com sorriso duro no rosto e o medo de não ser nada daquilo que você me fez sentir que eu era. Muita maquiagem para esconder os buracos de solidão. Muita roupa bonita para esconder a falta de leveza e de certeza do meu caminho.” Tati Bernardi.

“Ei, você. Você que já tá cansado de ouvir sempre as mesmas coisas. Você que já quase desidratou de tanto chorar. Você que percebe que não tá valendo à pena. Ei, você, que pensa em desistir. Você que finge que aguenta. Você que já morreu por dentro. Você que força sorrisos. Você que não se sente bem. Você que não está feliz. Você que já não suporta ficar aqui. Você que chora todas as noites e pede socorro. Você que grita para ninguém ouvir. Você que se sente sozinho. Você que cansou de acreditar. Você que ligou o foda-se. Você que faz de conta que consegue superar. Você que jogou seu coração fora… é, eu sei como você se sente. E é uma grande merda, pra falar a verdade.

Todo corpo tem sua marca. Todo coração já foi partido. Toda pessoa já teve seu dia de tristeza. É assim, são fatos da vida.